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A ligação entre o Irã e o Hezbollah remonta ao início dos anos 1980, logo após a Revolução Islâmica de 1979 no Irã. O Irã, governado pelo regime teocrático xiita liderado pelo Aiatolá Khomeini, viu no Hezbollah uma oportunidade estratégica para expandir sua influência no Oriente Médio, especialmente no Líbano, onde a população xiita era significativa. Com o apoio direto da Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC), o Hezbollah foi fundado como uma organização militante e política, com o objetivo de combater a presença israelense no Líbano e promover os interesses iranianos na região.
O apoio iraniano ao Hezbollah inclui fornecimento de armas, treinamento militar e financiamento. A IRGC desempenha um papel central na formação militar do Hezbollah, treinando seus combatentes em táticas de guerrilha, operações de mísseis e guerra assimétrica. Estima-se que o Irã tenha fornecido bilhões de dólares ao Hezbollah ao longo das décadas, permitindo que o grupo mantenha um exército bem equipado e uma infraestrutura militar sofisticada no sul do Líbano. Esse apoio foi crucial durante a guerra de 2006 entre Israel e Hezbollah, na qual o grupo conseguiu infligir danos significativos ao exército israelense.
Além do apoio financeiro e militar, o Irã também tem apoiado o Hezbollah politicamente, promovendo o grupo como uma força de resistência contra Israel e os Estados Unidos. A ideologia anti-Israel e anti-ocidental de ambos está alinhada com a política externa iraniana, que busca a hegemonia regional e a contenção da influência ocidental no Oriente Médio. O Hezbollah, por sua vez, serve como uma ferramenta importante para o Irã expandir seu alcance na região, especialmente na Síria e no Iraque, onde o grupo atua diretamente ou apoia milícias locais Amnesty International.
A guerra civil síria, que começou em 2011, foi um ponto de virada significativo na relação Irã-Hezbollah. O Irã, ao lado da Rússia, apoiou o regime de Bashar al-Assad, um aliado crucial de ambos na região. O Hezbollah foi enviado para lutar ao lado das forças de Assad, desempenhando um papel fundamental na recuperação de territórios controlados pelos rebeldes e grupos jihadistas, como o Estado Islâmico. Esse envolvimento aprofundou os laços entre o Hezbollah e o Irã, já que ambos veem a sobrevivência do regime de Assad como essencial para seus interesses estratégicos.
A participação do Hezbollah na guerra da Síria fortaleceu ainda mais suas capacidades militares, com combatentes ganhando experiência em combate urbano e operações militares complexas. Além disso, o Irã usou o conflito sírio para estabelecer uma ponte terrestre que liga Teerã ao Mediterrâneo, permitindo o transporte de armas diretamente ao Hezbollah no Líbano. Isso elevou ainda mais a capacidade do grupo de ameaçar Israel, com mísseis de longo alcance e armamentos avançados armazenados no sul do Líbano Amnesty International.
O Hezbollah e Israel têm uma longa história de conflitos, com o grupo libanês frequentemente realizando ataques de foguetes e incursões contra alvos israelenses. A guerra de 2006 foi o maior confronto até agora, resultando em uma destruição maciça no Líbano e mais de mil mortos, a maioria civis. Desde então, embora a fronteira entre Israel e o Líbano tenha permanecido relativamente calma, as tensões persistem. O Hezbollah, com o apoio contínuo do Irã, aumentou seu arsenal de mísseis, o que preocupa Israel e seus aliados ocidentais.
Nas últimas semanas, o conflito entre Israel e o Hezbollah se intensificou, com bombardeios mútuos e operações de retaliação. Israel lançou operações militares específicas para desmantelar as redes de mísseis do Hezbollah, enquanto o grupo, por sua vez, lançou foguetes contra o norte de Israel, incluindo Haifa. A resposta israelense tem sido rápida e severa, com ataques aéreos direcionados a posições do Hezbollah no sul do Líbano. O apoio iraniano ao Hezbollah continua a ser um fator chave nessa dinâmica, com Israel argumentando que o Hezbollah age como um “proxy” do Irã, realizando ataques em nome de Teerã Amnesty International
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A aliança Irã-Hezbollah faz parte de uma estratégia mais ampla do Irã de estabelecer um "eixo de resistência" contra Israel e o Ocidente, que inclui grupos militantes na Síria, Iraque e Iêmen. O Irã tem fornecido suporte material e treinamento para grupos como as milícias xiitas no Iraque e os houthis no Iêmen, aumentando sua influência no Golfo Pérsico e no Levante. Esse "arco" de influência, que vai do Irã ao Líbano, preocupa não apenas Israel, mas também países como a Arábia Saudita e as nações do Golfo, que veem o expansionismo iraniano como uma ameaça à estabilidade regional.
A guerra por procuração entre o Irã e Israel também se desenrola em outros cenários, como a Síria e o Iraque, onde as forças israelenses frequentemente realizam ataques aéreos contra milícias apoiadas pelo Irã. Israel tem como objetivo impedir que o Irã estabeleça uma base militar permanente na Síria, e o Hezbollah continua a ser uma das principais ferramentas do Irã para expandir sua influência nesses territórios. Esse conflito multifacetado entre o Irã e Israel, envolvendo aliados regionais e milícias como o Hezbollah, é uma das principais fontes de instabilidade no Oriente Médio contemporâneo Amnesty International .
A relação entre o Irã e o Hezbollah é um pilar central da estratégia iraniana no Oriente Médio. O Hezbollah atua como uma extensão dos interesses iranianos na região, servindo tanto como um aliado militar quanto como uma ferramenta política para confrontar Israel e expandir a influência do Irã. Com o apoio contínuo do Irã, o Hezbollah se tornou uma das forças mais poderosas do Líbano, com capacidade de desafiar militarmente Israel e manter uma presença regional significativa. A contínua escalada nas hostilidades entre o Hezbollah e Israel, com o Irã como patrocinador, levanta preocupações sobre a possibilidade de um conflito de maior escala, que poderia envolver toda a região e aumentar ainda mais a instabilidade no Oriente Médio.